Acompanhando a série de entrevistas com os pré- candidatos a prefeitura de Lauro Muller, deflagrada pelo rádio-comunicador, Édio Antônio, façamos uma avaliação crítica de cada entrevistado, abordando seus pensamentos, coerência e prospectiva política. Uma reflexão pautada na conjuntura e na seriedade dos fatos.
Vamos ao primeiro entrevistado:
“... sonho em um dia ser prefeito de Lauro Muller...”
Alcimar De Brida –PSDB -
Lindolf Bell, poeta catarinense, poetizou em suas linhas: “Menor que meu sonho não posso ser.” É muito nobre um filho nato de seu município sonhar em administrá-lo. É uma prova de nativismo, civilismo, sentimento de amor a terra natal. Quando um filho se coloca a disposição da “mãe terra”, da “mãe pátria”, da “mãe município”, e faz isso por vocação e não por status, já dá uma prova de tamanha hombridade. De Brida não tem medo e nem vergonha de revelar que sonha em ser prefeito de Lauro Muller, e faz bem, isso significa dizer que De Brida sonha em ajudar o povo de Lauro Muller.
Mas para realizar seu sonho, uma tarefa nada fácil, Alcimar sabe que não pode contar somente com seu partido, e por isso, declara a necessidade de estar alinhado com o PMDB ou com o PP. Alcimar dá uma prova de lucidez ao reconhecer que o PSDB em quesito força política é menor que o PMDB, menor que o PP, e maior que o PSD. O pré-candidato demonstra ter noção da logística partidária e do exército que pretende contar para sua batalha eleitoral. Mas, apesar de sua lucidez, o pré-candidato entra em contradição quando resgata amarguras do passado ao afirmar que na última eleição “O PSDB ficou em terceiro plano”. Essa afirmação confirma a desunião e a falta de coalizão que fez Soraya Curcio perder as eleições nos últimos dias. O ônus dos dissidentes do passado não pode ficar só com o PP. De Brida, com essa afirmação, deixa claro que o PSDB entrou na disputa de outrora com reservas, ainda que inconsciente. Na verdade o partido ocupou o lugar que politicamente lhe cabia: suas lideranças não apareciam bem cotadas nas pesquisas e sua militância era um tanto quanto tímida. Fatores lógicos que fizeram o PSDB ser sacrificado. Disposto a crescer o partido trabalhou e elegeu dois vereadores.
Quando Alcimar dá sinais que dificilmente apoiaria uma tríplice aliança, e que se isso acontecesse, possivelmente abandonaria a vida pública, fica claro que De Brida tem um projeto pessoal e nada comunitário. A ameaça de deixar a vida pública caso o partido, diga-se o PSDB, não esteja disposto a bancar seu sonho, põe em “cheque” sua vocação política e derruba todos os preceitos democrático de um partido político: discutir, fazer convenção, analisar e deliberar. Um partido não pode ser coagido sobre a ameaça de perder seu maior líder, caso seu sonho não seja homologado. Na democracia candidatura não se impõe, se articula. Quando um militante abandona seu partido na primeira divergência é porque algo não vai bem.
De Brida tem todo o direito de lutar por seu sonho: articular, trabalhar, dialogar. Mas não impor! Ao afirmar que deixa a vida pública caso seu partido busque outro caminho o pré- candidato dá sinais, que a há sim, divergências internas no PSDB. E isso é bom! Faz bem para o partido e para democracia, pois, fica claro que dentro do partido não existe “castas”, “donos”, “ditadores”, “imperadores”. Partido que esconde suas divergências internas da sociedade é um perigo no governo.
Alcimar De Brida tem biografia e capacidade para ser um excelente prefeito, falta-lhe conjuntura política.